Indígenas comemoram a revogação da Lei Estadual que abolia as garantias de acesso ao Ensino Médio presencial em tribos e comunidades ribeirinhas do interior do estado. Exclusão de direitos é uma ameaça constante nas relações entre o poder público do Pará e os povos originários, e a COP 30 é vista por estes como uma oportunidade para alertar o mundo sobre a questão.
Foto: Oswaldo Forte/Fotoarena/Folhapress
A COP 30, que será realizada em Belém este ano, representa uma oportunidade única para que grupos como os povos indígenas da Amazônia possam ser ouvidos
Cerimônia de lançamento do projeto Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, iniciativa da Universidade Federal do Pará (UFPA) que visa consolidar e divulgar ações científicas e socioambientais desenvolvidas pela comunidade da região.
Divulgação UFPA
Apesar do profundo conhecimento das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhos sobre a Amazônia, suas vozes e perspectivas são frequentemente negligenciadas nos debates globais sobre a região. COP 30 é chance de mudar essa realidade
Funcionários do ICMBio em atividade de reflorestamento em área afetada pelos incêndios de 2024 na região Centro-Oeste: o termo “matéria escura” da biodiversidade refere-se às árvores e plantas nativas que não voltam ao ecossistema mesmo depois da restauração ecológica. Por esta razão, portanto, preservação continua sendo a melhor solução para perpetuar espécies e ecossistemas.
AP Photo/Eraldo Peres
Atividades de restauração ecológica como refloerstamentos são fundamentais mas sozinhos não são capazes capazes de devolver toda a biodiversidade de uma área degradada. Preservar, portanto, continua sendo a melhor solução
As promessas do recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris e aumentar a extração de combustíveis fósseis vão contra as medidas necessárias para mitigar as mudanças climáticas.
Escavações arqueológicas no sítio Bananalzinho Bororo revelam construções feitas pela mão humana para permitir a habitação em uma região onde água e terra constantemente se misturam.
Acervo PROPAM
Conhecidas como “Morobohó”, intervenções datam de até 3 mil anos atrás e representam marcos fundamentais da ocupação humana em um dos ecossistemas mais complexos do planeta.
As posições pró-combustíveis fósseis de Donald Trump estão em nítido contraste com os esforços para proteger o clima. O setor de petróleo implementou uma campanha de desinformação criada para lançar dúvidas sobre a ciência climática. A estratégia, extraída das páginas do manual do setor de tabaco, envolveu “enfatizar a incerteza” para lançar dúvidas sobre a ciência.
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Joe Árvai, USC Dornsife College of Letters, Arts and Sciences
O pêndulo da política climática está oscilando novamente com Trump no cargo. Dinheiro, lobby e conversas sobre estados republicanos e democratas desempenham um papel na divisão política e pública.
Duas pessoas caminham pela água lamacenta de enchente em uma estrada na Espanha: em 2024, a Terra teve o ano mais quente já registrado pelo quarto ano consecutivo, fenômeno está mudando a forma como a água se move em nosso planeta e causando estragos generalizados.
EPA/MIGUEL ANGEL POLO
De rios secos a plantações e cidades inundadas, o aumento das temperaturas em 2024 causou estragos no ciclo da água, desafio tanto para as pessoas quanto para a natureza
As comunidades tradicionais contribuem para o manejo sustentável, práticas culturais, restauração de habitats, monitoramento comunitário e educação ambiental.
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Práticas culturais das comunidades tradicionais oferecem lições valiosas para a conservação ambiental. Somente ao valorizar as ações dessas comunidades será possível combater o neocolonialismo na ciência.
Canteiro de obras: Uma grande arena e muitas outras estruturas de convivência estão sendo construídas no Parque da Cidade, em Belém, para sediar a COP30. No âmbito das negociações pelo clima, a responsabilidade do Brasil em novembro do ano que vem será imensa.
Mais de três décadas depois da Rio-92 e em plena administração de Donald Trump nos Estados Unidos, caberá ao Brasil liderar uma cúpula sobre mudanças climáticas que pode ser decisiva em um momento crítico para o planeta
Pescador joga sua rede no rio Tapajós, em Alter do Chão, no Pará: Na Amazônia Legal, os peixes são a principal fonte de proteínas para quase 40 milhões de pessoas. O desmatamento afeta a diversidade de espécies, reduzindo oferta de pescado e prejudicando a segurança alimentar de toda uma população.
AP Photo/Andre Penner
Perda da cobertura florestal reduz a diversidade de peixes, impactando a principal fonte de proteínas para os 38 milhões de habitantes da Amazônia Legal e provocando um desequilíbrio em toda a cadeia alimentar dos ecossistemas
Uma ave sobrevoa a vegetação em chamas do Pantanal: parceria entre o Ministério Público estadual, UFRJ e UFMS definiu áreas prioritárias para a prevenção de incêndios e recuperação de áreas queimadas em toda a Bacia do Alto Paraguai.
AP Photo/Andre Penner
Parceria entre o Ministério Público estadual, UFRJ e UFMS definiu áreas prioritárias para a prevenção de incêndios e recuperação de áreas queimadas no Pantanal e em toda a Bacia do Alto Paraguai
Stand do Brasil na COP29, anunciando o evento do ano que vem: escolha de Belém para sediar a COP30 destaca os interesses políticos e econômicos em jogo na região, mas também expõe expõe a desigualdade social e os problemas ambientais históricos e cada vez mais urgentes na cidade em particular, e na Amazônia como um todo.
AP Photo/Sergei Grits
Jornalismo pode contribuir para alterar a percepção pública sobre as mudanças climáticas e o modo como entendemos o que é desenvolvimento
Amazônia em chamas: impacto de grandes infraestruturas de transporte - cujo mais recente exemplo é a ferrovia Ferrogrão - intensifica desequilíbrios que geram a ocorrência de incêndios florestais que agravam a emergência climática atual.
AP Photo/Dado Galdier
Mudanças climáticas, secas prolongadas e atividades humanas como a construção de estradas e ferrovias criam condições para incêndios florestais de grande escala que se espalham rapidamente pela paisagem
Em busca de água, dois maçaricos reais aproximam-se perigosamente de um grupo de jacarés-do-pantanal no leito quase seco do rio Bento Gomes, próximo a Poconé, Mato Grosso: calor, seca, queimadas e incêndios que colocam em risco a biodiversidade e a própria sobrevivência humana em diversos ecossistemas do Brasil e do mundo não podem ser vistos como problemas isolados.
AP Photo/Andre Penner
Revisar o Código Florestal, fortalecer práticas agroflorestais e fazer a transição para um agronegócio de baixo carbono são algumas das ações fundamentais para o Brasil reduzir suas emissões
Região do Encontro das Águas, habitat das onças-pintadas no Pantanal matogrossense, com grande parte do seu bioma destruído pelas queimadas dos últimos meses: dados da rede colaborativa MapBiomas mostram que o Brasil já perdeu definitivamente 1/3 da sua cobertura vegetal nativa.
(AP Photo/Andre Penner)
Julia Shimbo, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
Já não basta parar de desmatar: é preciso começar a recuperar a cobertura vegetal destruída. E isso precisa ser feito com urgência, já que nos aproximamos do ponto de inflexão, que tornará as perdas irreversíveis.
Área desmatada ilegalmente dentro de parque nacional na Amazônia: áreas de proteção ambiental não conseguem evitar a perda de florestas em muitas partes do mundo.
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Precisamos tornar as áreas protegidas mais eficazes, para conservar o que resta das plantas e dos animais da Terra
Manifestante carrega cartaz que alerta para a contradição entre o projeto da Petrobras de perfurar poços na Amazônia e a COP30, marcada para acontecer em Belém, no ano que vem: situação pode colocar em cheque a ambiciosa agenda ambiental do governo Lula.
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Bernardo Jurema, Research Institute for Sustainability – Helmholtz Centre Potsdam
O governo Lula terá que escolher entre garantir a sustentabilidade ambiental, firmando-se como liderança global no tema, ou render-se aos apelos econômicos e desenvolvimentistas de extração de petróleo na região amazônica
Um barqueiro impotente frente ao mar de lixo num lago na Sérvia: o trabalho de pensadores como a pesquisadora francesa Delory-Momberger e o filósofo brasileiro Nêgo Bispo demonstram a importância de se trocar conceitos de desenvolvimento e humanismo por biointeração e cosmovisão. “Os humanos não se sentem como animais. Essa desconexão é um efeito da nossa cosmofobia”, escreveu Nêgo Bispo.
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Na era do colapso ambiental, pensadores contemporâneos reforçam a necessidade de a humanidade finalmente entender que nossa vida é compartilhada com os outros seres da Terra
Em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, crianças pantaneiras observam um incêndio florestal vizinho à fazenda em que vivem. Baixa umidade, altas temperaturas, seca duradoura e ventos fortes estão entre os múltiplos fatores que transformam o fogo em tragédia sem precedentes na região.
Foto: Lalo de Almeida/ Folhapress
Apesar de importante para manutenção da paisagem pantaneira, fogo agravado por ciclo de seca, altas temperaturas, ventos, grande quantidade de biomassa produzida no ano anterior e mudanças climáticas coloca a região em risco.
Uma possível extinção das abelhas pelo uso indiscriminado de agrotóxicos pode levar à morte de plantas, herbívoros e carnívoros, gerando um desequilíbrio ou colapso do ecossistema.
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Uma possível extinção das abelhas pelo uso indiscriminado de agrotóxicos pode levar à morte de plantas, herbívoros e carnívoros, gerando um desequilíbrio ou colapso do ecossistema
Doutor em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de Ciências Pesqueiras, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)